Cardo-Roxo, criado em 2012, é um ensemble dirigido por Antony Fernandes e Carmina Repas
Gonçalves, cuja constituição depende do carácter de cada programa. Dedica-se à descoberta,
exploração e divulgação do repertório de tradição oral português e tem como ponto de partida as
fontes musicais que sobrevivem até hoje em registo audio, video, partitura ou tradição viva.
Mantendo as características identitárias destas recolhas musicais, e através da mistura de
instrumentos antigos e tradicionais (nomeadamente violas da gamba, gaitas de fole, alaúde,
percussão, etc), da exploração vocal, e da fusão estética (música
tradicional/antiga/contemporânea), criam uma sonoridade de grande originalidade e de
surpreendente harmonia. A sua música apela a uma escuta ativa e ao silêncio enquanto desperta a
memória coletiva levando o público numa viagem sonora que envolve e conforta.
Realizaram já quatro edições discográficas de autor, cada uma sobre um tema diferente:
“Alvorada” (2015), “Vai-te Cuca” (2016), “Volto Já” (2017) e “No Monte das Oliveiras” (2019).
O programa Alvorada compreende uma seleção de melodias de variados contextos: da música
instrumental à vocal, da música de festa à música de trabalho, da Madeira a Trás-os-Montes.
Estando a música tradicional sempre associada a uma atividade quotidiana ou a uma prática social
(religiosa ou profana), é fundamental que, na sua adaptação e transformação não se perca essa
relação, correndo o risco de a tornar irreconhecível ou descontextualizada. Essa relação é então
crucial na forma como a música é adaptada.
Com base na génese de Cardo-Roxo, este programa, em duo ou em trio, está pensado para espaços
pequenos e que permitam um contacto muito próximo e informal com o público. Os arranjos
delicados e cheios de detalhes, envolvem o público numa escuta atenta sensibilizando-o para a
beleza e singularidade deste repertório que é tantas vezes desvalorizado e mal compreendido.